Testemunhar uma situação de violência ou um crime pode ter um impacto negativo no bem-estar emocional.
A forma como a testemunha se sente varia muito de pessoa para pessoa. Pode variar com:
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A sua idade. Quando a testemunha tem mais idade, pode ter mais conhecimento e capacidade para lidar com a situação e proteger-se dela; pode ser capaz de agir em relação ao que está a acontecer de forma mais segura.
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O grau de conhecimento em relação às pessoas envolvidas (a vítima, o/a agressor/a ou ambos). Pode ser mais difícil aceitar uma situação de violência ou um crime que está a acontecer entre pessoas de quem se é próximo.
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O tipo de violência que testemunhou. As situações em que se testemunham episódios de violência física grave ou crimes mais violentos (ex.: envolvendo o uso de armas ou ferimentos na vítima) podem causar um impacto emocional mais negativo na testemunha.
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O número de vezes em que se testemunharam episódios de violência ou crime. Quando se é testemunha de uma situação de violência que se repete ao longo do tempo, podem surgir emoções negativas intensas, tais como a culpa, o desânimo ou a frustração, ligadas à sensação de que não se foi capaz de fazer nada para resolver a situação.
Testemunhar uma situação de violência ou um crime pode não deixar marcas físicas visíveis (ex.: ferimentos, arranhões, pisaduras), mas pode trazer alguns problemas emocionais.
Há pessoas que quando testemunham um (ou vários) episódios de violência ou um crime se sentem:
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em choque;
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sem capacidade para reagir;
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confusas:
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especialmente quando a situação envolveu pessoas que se conhece, podem surgir sentimentos confusos e contraditórios em relação à vítima e ao/à agressor/a (por exemplo, gostar do/a agressor/a mas discordar do que ele/a fez);
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a confusão também pode existir no estado de humor, estando calmas num momento e tristes ou “em baixo” instantes depois;
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tristes pelo que aconteceu:
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a tristeza pode ser mais intensa quando a situação testemunhada envolve pessoas mais próximas (amigos ou familiares, por exemplo);
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assustadas;
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inseguras;
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ansiosas, preocupadas e angustiadas, com pensamentos constantes e lembranças sobre o que testemunharam;
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hiperatentas a tudo o que está a acontecer à volta, com receio em relação à própria vida ou com medo de que a situação se repita;
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com medo que algo de mau lhes aconteça ou de ser também vítima do/a agressor/a;
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culpadas ou envergonhadas, por não terem conseguido ajudar a vítima ou por terem ficado assustadas e/ou sem reação na altura em que a situação estava a acontecer;
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preocupadas com o facto de terem que contar o que sabem (por exemplo, se tiverem que ir a Tribunal testemunhar sobre o que viram ou ouviram). Para saberes mais sobre isto vai a TESTEMUNHAR EM TRIBUNAL.
Também podem aparecer consequências negativas para a saúde física e mental, por exemplo:
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problemas de sono (ex.:pesadelos frequentes sobre o que aconteceu);
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náuseas, vómitos e/ou enjoos;
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dores de cabeça;
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perda de apetite;
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choro frequente;
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dificuldades de memória (ex.: não se lembrar de quando ou onde aconteceu algo importante);
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problemas de concentração (ex.: distrair-se facilmente com coisas que estão a acontecer à volta enquanto se estuda);
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Podem surgir mudanças no comportamento, por exemplo:
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Cada pessoa reage de maneira diferente ao testemunho de um crime ou de um episódio de violência. Estes sintomas são uma reação natural a uma experiência que pode ameaçar o nosso bem-estar e segurança. Em princípio, estas reações e comportamentos são atenuados com o passar do tempo. Se os sintomas se mantiverem ou se te sentires igual ao que te sentias quando o crime ou episódio de violência aconteceu, fala com um adulto em quem confies: conta aos teus pais e/ou ao psicólogo da escola. Eles podem aconselhar-te, recomendar-te ou acompanhar-te a um profissional habilitado que te possa ajudar. |