As LESÕES FÍSICAS podem ser as consequências mais imediatas em caso de acidente rodoviário. Há lesões:
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temporárias e facilmente tratadas, por exemplo: fraturas, traumatismos, hematomas;
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permanentes e incapacitantes, tais como: paralisias, amputações, lesões neurológicas.
A morte imediata ou decorrente das lesões fatais associadas a acidentes rodoviários é a consequência mais extrema dos desastres na estrada.
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Ser vítima de acidente, testemunhar um acidente de viação ou mesmo saber que alguém próximo sofreu um acidente de viação pode ser uma EXPERIÊNCIA TRAUMÁTICA ao nível psicológico e emocional: podemos sentir a nossa vida, a vida de pessoas próximas ou a vida de pessoas com quem estávamos naquele momento ameaçadas e em perigo. Podem surgir sentimentos de medo intenso, choque e impotência. |
Viver uma experiência destas não é algo a que estejamos habituados. São momentos inesperados, repentinos, que acontecem sem que se consiga prever. Por isso, é natural que o nosso corpo tenha reações de desconforto e de mal-estar emocional e psicológico durante e depois de o acidente ter acontecido.

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QUE REAÇÕES PODEM SURGIR DURANTE O ACIDENTE? |
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Medo intenso em relação à própria vida ou à vida de outras pessoas.
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Impotência, como se não fossemos capazes de fazer alguma coisa para alterar o estado das coisas.
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Desespero, por vezes visível pelo choro constante.
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Choque: não acreditar no que está a acontecer e sentir como se se estivessemos a viver um pesadelo.
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Culpa (como se de alguma forma fossemos responsáveis pelo que aconteceu).
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Sintomas físicos associados ao choque e ao medo intenso: palpitações; tremores; aumento do batimento cardíaco (o coração começa a bater com mais intensidade); dores no peito, náuseas; dores de barriga; tonturas; desmaio.
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QUE REAÇÕES PODEM SURGIR APÓS O ACIDENTE? |
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Pensamentos frequentes sobre o que se passou.
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Recordações constantes do que aconteceu (quase como se se estivessemos a ver um filme a passar na nossa cabeça). As recordações também podem acontecer através de sonhos ou pesadelos.
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As recordações e pensamentos podem ser acompanhados por sensações semelhantes às que se tiveram durante o acidente: recorda-se o que se viveu e o que se sentiu. Estas recordações e pensamentos podem ser provocados por algo que faça lembrar o que aconteceu (ex.: um objeto, um odor, um sítio, uma pessoa). Podem ser coisas mais específicas, ligadas ao que se viu ou ouviu na altura, ou algo que não tem qualquer ligação com o acidente.
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Sensação de ameaça, medo constante e alerta permanente (receio de que o acidente se repita a qualquer momento).
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Medo de fazer viagens, de andar de carro, autocarro, moto ou outro veículo.
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Medo de andar ou passar na estrada ou local onde o acidente aconteceu, de percorrer locais semelhantes àquele ou medo generalizado de circular na via pública.
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Evitamento e afastamento em relação a pessoas que estiveram envolvidas no acidente (particularmente quando as pessoas envolvidas são próximas).
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Afastamento em relação a amigos, familiares e outras pessoas próximas com quem se gostava de estar, conviver ou conversar.
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Perda de interesse por atividades que anteriormente se gostava de fazer.
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Dificuldades em adormecer ou acordar várias vezes durante a noite.
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Cansaço e exaustão.
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Dificuldades de concentração (com consequências negativas para o desempenho e interesse pelas aulas e pelos estudos).
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Tristeza constante e desinteresse em relação à própria vida.
Também pode surgir mudanças no comportamento, por exemplo:
- tornar-se mais agressivo/a na relação com os outros ou quando se está sob pressão (ex.: quando discute com algum amigo/a).
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reagir de forma mais impulsiva ou agressiva aos imprevistos e ter menos capacidade para lidar com a frustração (ex.: ficar muito irritado/a quando alguma coisa não corre de acordo com os planos).
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adotar comportamentos arriscados (ex.: envolver-se em lutas na rua), como forma de testar os próprios limites ou a “imortalidade”.
Nem todas as pessoas que foram vítimas de um acidente de viação ou que testemunharam um acidente têm estas reações: podem ter muitas outras ou nenhumas das que aqui estão. Todas as reações são naturais e temporárias. São uma resposta de defesa do nosso corpo a tudo o que aconteceu.
As reações dependem:
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da gravidade do acidente que se sofreu ou testemunhou. Se o acidente tiver envolvido mortes, feridos graves ou imagens violentas (ex.: sangue) é possível que as reações sejam mais intensas.
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das pessoas envolvidas no acidente. Se o acidente tiver envolvido a perda ou ferimento de alguém próximo, as reações psicológicas e emocionais podem ser mais negativas e a recuperação mais complicada.
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da responsabilidade pessoal no acidente. Se de alguma forma percebemos que tivemos responsabilidade no que aconteceu, as reações podem ser mais dolorosas e a recuperação mais difícil.
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das características da pessoa antes do acidente:
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se tinha ou não vivido experiências de vida difíceis. Se a pessoa já tiver vivido experiências negativas no passado a recuperação pode ser mais complicada.
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do seu bem-estar psicológico e emocional antes acidente. Se a pessoa estava “de bem com a vida” antes da experiência, a recuperação pode ser mais rápida.
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da qualidade das relações da pessoa. Se a pessoa tiver a seu lado familiares, amigos ou outras pessoas próximas em quem confie e que a possam ajudar a ultrapassar o acontecimento de vida, a recuperação pode ser mais fácil e rápida.