Acidentes rodoviários

Como se sente a vítima?

As LESÕES FÍSICAS podem ser as consequências mais imediatas em caso de acidente rodoviário. Há lesões:

  • temporárias e  facilmente tratadas, por exemplo: fraturas, traumatismos, hematomas;
  • permanentes e incapacitantes, tais como: paralisias, amputações, lesões neurológicas.

A morte imediata ou decorrente das lesões fatais associadas a acidentes rodoviários é a consequência mais extrema dos desastres na estrada.

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rapaz triste  

 Ser vítima de acidente, testemunhar um acidente de viação ou mesmo saber que alguém próximo sofreu um acidente de viação pode ser uma EXPERIÊNCIA TRAUMÁTICA ao nível psicológico e emocional: podemos sentir a nossa vida, a vida de pessoas próximas ou a vida de pessoas com quem estávamos naquele momento ameaçadas e em perigo. Podem surgir sentimentos de medo intenso, choque e impotência.

Muitas vezes, o mal-estar psicológico e emocional mantém-se depois de se recuperar de todas as limitações e lesões físicas provocadas pelo acidente.

                        

Viver uma experiência destas não é algo a que estejamos habituados. São momentos inesperados, repentinos, que acontecem sem que se consiga prever. Por isso, é natural que o nosso corpo tenha reações de desconforto e de mal-estar emocional e psicológico durante e depois de o acidente ter acontecido.  

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? QUE REAÇÕES PODEM SURGIR DURANTE O ACIDENTE?
  • Medo intenso em relação à própria vida ou à vida de outras pessoas.
  • Impotência, como se não fossemos capazes de fazer alguma coisa para alterar o estado das coisas.
  • Desespero, por vezes visível pelo choro constante.
  • Choque: não acreditar no que está a acontecer e sentir como se se estivessemos a viver um pesadelo.
  • Culpa (como se de alguma forma fossemos responsáveis pelo que aconteceu).
  • Sintomas físicos associados ao choque e ao medo intenso: palpitações; tremores; aumento do batimento cardíaco (o coração começa a bater com mais intensidade); dores no peito, náuseas; dores de barriga; tonturas; desmaio.
? QUE REAÇÕES PODEM SURGIR APÓS O ACIDENTE?
  • Pensamentos frequentes sobre o que se passou.
  • Recordações constantes do que aconteceu (quase como se se estivessemos a ver um filme a passar na nossa cabeça).  As recordações também podem acontecer através de sonhos ou pesadelos.
    • As recordações e pensamentos  podem ser acompanhados por sensações semelhantes às que se tiveram durante o acidente: recorda-se o que se viveu e o que se sentiu. Estas recordações e pensamentos podem ser provocados por algo que faça lembrar o que aconteceu (ex.: um objeto, um odor, um sítio, uma pessoa). Podem ser coisas mais específicas, ligadas ao que se viu ou ouviu na altura, ou algo que não tem qualquer ligação com o acidente.
  • Sensação de ameaça, medo constante e alerta permanente (receio de que o acidente se repita a qualquer momento).
  • Medo de fazer viagens, de andar de carro, autocarro, moto ou outro veículo. 
  • Medo de andar ou passar na estrada ou local onde o acidente aconteceu, de percorrer locais semelhantes àquele ou medo generalizado de circular na via pública.
  • Evitamento e afastamento em relação a pessoas que estiveram envolvidas no acidente (particularmente quando as pessoas envolvidas são próximas).
  • Afastamento em relação a amigos, familiares e outras pessoas próximas com quem se gostava de estar, conviver ou conversar.
  • Perda de interesse por atividades que anteriormente se gostava de fazer.
  • Dificuldades em adormecer ou acordar várias vezes durante a noite.
  • Cansaço e exaustão.
  • Dificuldades de concentração (com consequências negativas para o desempenho e interesse pelas aulas e pelos estudos).
  • Tristeza constante e desinteresse em relação à própria vida.

Também pode surgir mudanças no comportamento, por exemplo:

  • tornar-se mais agressivo/a na relação com os outros ou quando se está sob pressão (ex.: quando discute com algum amigo/a).
  • reagir de forma mais impulsiva ou agressiva aos imprevistos e ter menos capacidade para lidar com a frustração (ex.: ficar muito irritado/a quando alguma coisa não corre de acordo com os planos).
  • adotar comportamentos arriscados (ex.: envolver-se em lutas na rua), como forma de testar os próprios limites ou a “imortalidade”.

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Nem todas as pessoas que foram vítimas de um acidente de viação ou que testemunharam um acidente têm estas reações: podem ter muitas outras ou nenhumas das que aqui estão. Todas as reações são naturais e temporárias. São uma resposta de defesa do nosso corpo a tudo o que aconteceu.

As reações dependem:

  • da gravidade do acidente que se sofreu ou testemunhou. Se o acidente tiver envolvido mortes, feridos graves ou imagens violentas (ex.: sangue) é possível que as reações sejam mais intensas.
  • das pessoas envolvidas no acidente. Se o acidente tiver envolvido a perda ou ferimento de alguém próximo, as reações psicológicas e emocionais podem ser mais negativas e a recuperação mais complicada.
  • da responsabilidade pessoal no acidente. Se de alguma forma percebemos que tivemos responsabilidade no que aconteceu, as reações podem ser mais dolorosas e a recuperação mais difícil.
  • das características da pessoa antes do acidente:
    • se tinha ou não vivido experiências de vida difíceis. Se a pessoa já tiver vivido experiências negativas no passado a recuperação pode ser mais complicada.
    • do seu bem-estar psicológico e emocional antes acidente. Se a pessoa estava “de bem com a vida” antes da experiência, a recuperação pode ser mais rápida.
  • da qualidade das relações da pessoa. Se a pessoa tiver a seu lado familiares, amigos ou outras pessoas próximas em quem confie e que a possam ajudar a ultrapassar o acontecimento de vida, a recuperação pode ser mais fácil e rápida.