Violência sexual

Como se sente a vítima?

Se estiveres a ser vítima de violência sexual, lembra-te que:
  • Nada do que está a acontecer é culpa tua.
  • Nada do que possas ter dito ou feito justifica que sejas forçado/a, enganado/a ou convencido/a a envolver-te sexualmente com outra pessoa.
  • Ninguém tem o direito de te obrigar a uma interação sexual contra a tua vontade (nem as pessoas que te são próximas têm esse direito).
  • A pessoa que te agrediu é a única responsável pelo que te aconteceu.

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Ser vítima de violência sexual pode ser uma experiência difícil de ultrapassar, que prejudica o bem-estar físico e emocional da vítima e a qualidade das suas relações com os outros.

A violência sexual pode trazer consequências negativas para a saúde física, tais como:
  • lesões e ferimentos ligados à violência ou força física utilizada para consumar o ato;
  • lesões e ferimentos ligados à violência sexual propriamente dita, como ferimentos nos órgãos sexuais, dor, corrimento, sangramento;
  • problemas na saúde sexual e reprodutiva, como infeções sexualmente transmissíveis (ex.: HIV; herpes genital; clamídia);
  • gravidezes indesejadas;
  • menos apetite;
  • insónias e pesadelos durante a noite (associados a pensamentos constantes sobre o que aconteceu).

Não te esqueças que nem sempre a violência sexual provoca lesões físicas.
Há casos em que a agressão sexual é subtil (ex.: acariciar os órgãos sexuais), não deixando lesões, nem vestígios.

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  violência sexual  

O impacto da violência sexual pode ser sentido sobretudo ao nível emocional, podendo surgir emoções negativas variadas:
                                                                
  • choque (especialmente quando a violência sexual é cometida por alguém que se conhece ou em quem se confiava);
  • raiva (da pessoa que cometeu a agressão e (erradamente) de nós mesmos, por não termos conseguido evitá-la);
  • culpa pelo que aconteceu (como se a responsabilidade fosse nossa, apesar de não ser);
  • ansiedade ou medo constante (ligados a pensamentos e recordações frequentes em relação ao que aconteceu);
  • sentirmo-nos sem valor (deixarmos de gostar de nós mesmos);
  • tristeza profunda (sentir que a vida não tem significado ou propósito);
  • receio de que a experiência se repita;
  • receio de estar sozinho/a;
  • receio do/a agressor/a;
  • medo que algo de mau aconteça ao/à agressor/a (especialmente quando o/a vítima e o/a agressor/a se conhecem);
  • vergonha de contar o que se passou;
  • medo que ninguém acredite no que contamos;
  • medo de ficar “marcado/a” para sempre (como se não fosse possível recuperar da experiência).


             

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Também podem surgir mudanças no comportamento da vítima:

  • tornar-se mais agressiva com as outras pessoas e consigo mesma (magoar-se de propósito);
  • ter comportamentos típicos de crianças mais pequenas (ex.: dormir de luz acesa);
  • afastar-se das pessoas de quem gosta;
  • evitar algumas pessoas ou locais (porque fazem lembrar o que aconteceu);
  • descer as notas na escola;
  • desinteressar-se pelas aulas e por outras atividades antes apreciada.

Podem surgir mudanças comportamento sexual, tais como:

  • dificuldade em estabelecer relações íntimas e saudáveis com os outros;
  • dificuldade em respeitar os limites impostos pelas outras pessoas (ex.: não compreender que a outra pessoa não se queira  envolver sexualmente);
  • envolver-se em comportamentos sexuais arriscados (ex.: ter diferentes parceiros sexuais; não usar métodos contraceptivos).

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O impacto emocional, psicológico e social da violência sexual pode variar de pessoa para pessoa: há vítimas que não têm sintomas, outras têm sintomas diferentes dos que falamos.
Todas estas reações são naturais, são uma forma de o organismo se defender e se adaptar ao que aconteceu.

O impacto da violência sexual também depende:

  • da relação que se tem com o/a agressor/a. Se a vítima e o/a agressor/a tiverem uma relação próxima (por exemplo, serem namorados), o impacto negativo pode ser maior: a violência é associada a sentimentos de traição e desilusão.
  • do comportamento da pessoa que agride sexualmente. Se o/a agressor assustar, ameaçar ou intimidar constantemente a vítima para que ela não conte o que aconteceu, o impacto emocional pode ser ainda mais negativo.
  • da violência física envolvida. As experiências de agressão sexual que envolvem violência física (ex.: a vítima ter sido amarrada, espancada antes de ser forçada ao ato sexual) podem ser mais traumáticas.